sexta-feira, 30 de julho de 2010

Platônico

Eu quero conhecer a sua família. Eu quero saber como você trata a sua mãe. Eu quero saber se vocês jantam todos os dias, se jantam juntos, se rezam antes...
Eu preciso saber se você gosta de cachorros, que nome daria a um buldogue francês.
Eu quero te conhecer melhor, reconhecer seu perfume. Você gosta de perfumes? Tem um monte de onde eu venho...
Eu tenho que ver como é seu quarto, a sua guitarra, o seu guarda-roupa. É você que arruma o seu guarda-roupa? Como você dobra suas camisas?
Eu quero mexer no seu computador. Olhar suas pastas, suas fotos, ouvir suas músicas. O seu desktop é desorganizado ou só tem atalhos para os principais programas?
Você faz idéia do que é um pneumotórax? Eu gostaria de te ensinar sobre medicina e aprender sobre aquilo que você gosta.
Eu tenho vontade de ouvir algumas confissões suas, mas não muitas. (Não é bom saber de tudo.) De te ver irritado, de te ver alucinado de alegria por uma boa notícia.
Me conte sobre a sua infância, do que você tem medo? Do que você lembra como se fosse ontem?
Me fala o nome da ultima mulher por quem você se apaixonou. Por que você não está mais com ela?
Aponte os meus defeitos. Enalteça as minhas qualidades.
Brinque comigo. Me faça cócegas! Eu sei, eu odeio cócegas. Mas eu aceito recebê-las de você num gesto de carinho.
Não brinque comigo se não for dentro de casa. Eu tenho dificuldade de entender piadinhas a meu respeito, mas na nossa intimidade você pode me explicar.
Me deixa pegar o seu sotaque, seus tics, seus tocs, suas manias...
Me faça parte do seu universo do jeito que você já é parte do meu.

Expectativas


Tê-las ou não?
Eu não sei pelos pecados de quem eu pago quando tenho que suportar tantos problemas de relacionamento. Mas não podem ser os meus mesmo, tendo em vista que tenho esses tais problemas desde que me conheço por gente.
O resultado desses maremotos, dessas turbulências, é que eu evito criar expectativas com qualquer tipo de vínculo novo. Isso inclui os mais variados tipos de vínculos. Sim.
E eu não tenho como saber se isso acontece com todo mundo porque, ao evitar expectativas, não chego naquele momento em que a gente cria uma intimidade tão perfeita a ponto de poder perguntar “Porque isso tá acontecendo com a gente?” e depois ouvir um “É normal, relaxa.”.
Ontem minha internet caiu por horas e eu achei um joguinho no meu computador. Resolvi ver qual era a do jogo pra passar o tempo. Joguei por umas duas horas e desisti. Fui dormir. E, claro, não criei expectativas de vitórias porque achei difícil e quase impossível.
Hoje a internet caiu de novo. Resolvi jogar pra passar o tempo e, pra minha absoluta surpresa, eu venci o Mahjong Titans.
Eu estava sendo pessimista? Eu estava me protegendo de uma decepção? Eu estava evitando uma expectativa que poderia me levar à frustração? Eu estava mais uma vez deixando de acreditar que tudo é possível para aquele que crê? Eu teria vivido melhor ou pior a experiência de vitória se tivesse esperado por aquele momento? Eu estou fazendo uma analogia idiota e sem fundamentos? Expectativas. Tê-las ou não?