domingo, 22 de abril de 2012

"Conhece-se a Árvore pelos Frutos."

Me dei conta de uma mania estranha que tenho desde criança: não como frutas com a casca machucada.

Na minha casa temos mania de encher uma vasilha de frutas e levar pra minha mãe ou para o meu avô no sofá. Sentamos em volta deles e esperamos que descasquem as frutas e dividam entre a gente. Eu sempre tive mania de escolher a fruta mais bonita, claro. (Quem não faz isso?)

Acontece que às vezes aparecia uma laranja com a casca machucada, parecendo uma cicatriz, e eu dizia “mãe, não quero essa!” e minha mãe, sabiamente, respondia “para com isso, Scintilla. É só a casca!”. E era só a casca mesmo! Depois que ela descascava a fruta dizia “olha! Come! Tá uma delícia! Era só um machucadinho.”

Hoje (com 22 anos nas costas), morando longe da mamãe, resolvi comer uma mandarina (mixirica) que estava com a casca ferida. Deixei a coitadinha separada das irmãs por conta da feiúra, e quando abri a geladeira, pra escolher qual delas eu iria comer, olhei pra ela e pensei “melhor comer logo antes que fique mais feia”.

Descasquei a fruta tentando não tocar na sua parte “defeituosa” (como eu costumo dizer), mas não consegui claro. Eventualmente tive que “colocar o dedo na ferida” dela. E ao terminar, a surpresa: ela era perfeita por dentro. E da leva que eu comprei no sábado, essa foi a mais gostosa até agora.

Me lembro de ter ouvido minha mãe dizer algumas vezes: “está boa, não é? Viu! É pra isso que serve a casca... pra proteger o fruto!” (lição que talvez ela nem se lembre de ter ensinado.)

E é pra isso que serve a casca, pra proteger o fruto! Não podemos julgar a polpa pela casca. Cicatrizes são a história do fruto. Marcas que todos nós temos e que não podem impedir o outro de se aproximar. São parte da nossa história e nos fazem mais saborosos. Eu vejo pelo meu avô: tantas histórias, tantas cicatrizes... e que companhia saborosa.

Obrigada, mãe e vô, por me fazerem ser “casca grossa”, sararem minhas cicatrizes e fazerem parte da minha história.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Pimenta nos olhos dos outros...


É refresco!

É fácil dizer como uma pessoa deve agir. Difícil é viver o que se diz em situações menos favoráveis.
Vá rezar! Vá fazer regime! Vá agradecer! Finja que não viu! Seja bom! Fique calmo! Seja paciente! Faça você mesmo! ÂNIMO!

Queria ver neguinho usar tanto o imperativo ou dar tanto conselho se levasse a vida que os mais desprovidos levam!

domingo, 21 de agosto de 2011

Twitter


Eu ía falar sobre vícios, falta de noção, pessoas que 'twitam' fotos do avô passando mal, andamento de velórios, etc...
Mas resolvi publicar Saramago, que é muito mais conciso do que eu.

Perdido na selva
Agosto 18, 2011 por Fundação José Saramago

A sobreabundância de informação pode fazer do cidadão um ser muito mais ignorante. Passo a explicar. Creio que as possibilidades tecnológicas para desenvolver a massificação da informação avançaram muito depressa. No entanto, o cidadão não dispõe de elementos nem da formação adequada para saber eleger e seleccionar, o que resulta em que ande perdido nessa selva. Precisamente, nesse desnível é onde se produz a instrumentalização em prejuízo do indivíduo, e, portanto, a desinformação.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Saudades


Não deveria existir plural de “saudade”. Saudade é uma só! Pode ser de uma ou de dez pessoas, a dor é igual. Vem com tudo, atropela o peito de frente, não conta quantos são os culpados, esmaga todos os lados por igual.

sábado, 19 de março de 2011

Achados e Perdidos


Ontem eu percebi que tenho o pessimo habito de "achar". Achar no sentido de pensar coisas possiveis, que na maioria das vezes sao as mais impossiveis. Sim, o habito eh pessimo pq em noventa por cento dos casos eu "acho errado".
Eu acho que ninguem me ama mais, eu acho que nao deveria interromper, eu acho que deveria ser simpatica, eu acho que teria dado certo, eu acho bom nao convidar, eu acho errado..
Eu acho inclusive que vcs devem estar me achando burra por estar escrevendo sem NENHUM acento, mas eu acho tambem que vcs vao entender que o teclado aqui ta em espanhol e eu nao to conseguindo colocar nem o grampinho da vovo e nem o chapeuzinho do vovo. Mas nem por isso eles viraram travecos, vcs conseguem ver claramente quem eh quem, neh? Eu acho vcs muito inteligentes! (PS1: Esse "achar" faz parte dos 10% de acertos. ;D - PS2: Puxar saco dos leitores gera fidelidade ao blog? Me contem! rs)
Um bando de gracinhas-que-nao-fazem-ninguem-rir a parte, vou voltar ao assunto:
Eu "acho errado" e quando faço isso (fui buscar esse c cedilha no google, ficar sem ele foi alem do toleravel) acabo fazendo merda. Pq eu tomo atitudes tao erradas quanto o ato de achar coisas que nao estavam acontecendo. Acontece que eu erro querendo acertar, pq eu tomo a atitude de acordo com a impressao que eu tive. E ai? Ai que as pessoas nao entendem isso. Acham que eu fui pelo outro lado da rua pq queria ficar longe delas e nao pq eu achei estranha a cara do homem encostado na parede.
Claro que depois de um certo exercicio eu espero que meus amigos, colegas, professores, chefes e etc, passem a entender que eu tento dar o meu melhor. Eh que eu tenho esse deficit de "achaçao".
Por isso peço a todos que sejam claros. Sinceros. Objetivos. Isso me ajuda a tirar as conclusoes mais acertadas.
Enquanto isso eu vou achando que acho errado que, por sinal, pode ser certo, ja que eu acho tudo ao contrario.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Aviso aos terráqueos


Eu não gosto de quem tem pena de mim. Eu tenho espelhos na alma. Eu sei que eu sou intensa demais e que eu tenho mania de profundizar as coisas. Mas essa sou eu. E eu já aprendi a conviver comigo. A gente ri, a gente chora, a gente morre e depois nasce de novo pronta pra outra. Então, não tenham pena de mim. Se a queda for grande dessa vez, ainda terá uma próxima maior ainda. Eu nunca devo me cansar de cair.
Obrigada!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Amedrontamor


Tem uma cena no filme “Comer, Rezar, Amar” que me fez pensar nisso...
Durante a ceia de natal do filme, eles agradecem. Um deles diz: “obrigada Deus, porque pela primeira vez na minha vida eu tenho medo de perder a pessoa que está do meu lado”. Mas o que é bom em ter medo?
Que lindo!? Que lindo?
Amor não deveria ser paz, passarinhos e borboletas?
Sentimento esquisito esse que faz a gente ter medo de um oásis no deserto.
Aliás, é bem isso: deserto, 40 graus à sombra, sede, solidão, cansaço... “Oh! Um oásis??? Não pode ser! Beber ou não beber dessa água? Deve ser imaginação minha... Por favor, está tão bom aqui! Não desapareça, oásis! Não seja um delírio de uma mente cansada. Não seja um sonho. Não seja um tumor no meu cérebro.
Apenas exista, oásis... Eu não quero te perder.”
Por fim... E aí? Quem quer morrer nesse deserto sem experimentar isso? Por mais insano que isso seja... Ninguém quer ficar de fora, aposto!